segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Pequenino Rouxinol.

São cinco horas da manha, o sol já está nascendo, não dormi, não sonhei, não te vi.
Já é meio dia, ainda não comi, nem mesmo me levantei, continuo sem te ver.
Passa das sete da noite, e finalmente levanto-me, a cozinha, uma xícara de café, duas xícaras, três, quatro, minha nossa, agora são duas da madrugada, e não paro de pensar que não consegui te ver.
Vejo o sol nascer mais uma vez, e agora sim, posso dormir, veio até minha janela, um rouxinol, agora embala-me no sono, com teu canto tão suave.
Não vá agora, fique e cante mais um pouco, sua voz me acalma e me traz paz. Não venha me dizer que já vai, o dia mal começou. Tome, uma xícara de café, quem sabe assim eu te convença a ficar.
Por muito tempo o rouxinol, tão frágil e singelo permaneceu ao meu lado, na minha janela, acompanha meu sono, e finalmente sonho, com você, seu sorriso e toda sua graça, durmo por mais algumas horas, acordei com o silencio. Sem problemas, já tive minha chance de poder te ver uma ultima vez, antes que todo o mundo acabasse, e a mim, só restariam suas lembranças e a eternidade.
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domingo, 3 de outubro de 2010

Esquecimento.

-Como era mesmo? Seu nome, não, não consigo lembrar...
-Desculpe, devo ir agora.
-Não,espere, deixe eu lembrar.
-Não tenho tempo a perder com você agora.
-Mas...
-Adeus.
-Por favor,uma chance.
-Vou pensar,mas não agora, deixe-me ir.
-Não posso, não sei ficar longe de ti.
-Problema seu.
-Por favor,não vá, eu preciso de você, eu fico confuso, não sou eu mesmo, mas quando estou perto de ti, quando me vejo refletido em seus olhos, tudo fica melhor, os problemas acabam, só o que me importa é você, e mais nada.
-Não sei se deveria te dar essa chance.
-Por favor, não sei o que fazer.
-Começar com um "desculpa" já é algo.
-Desculpa, desculpe-me, mil vezes, nunca pensei em...
-Ok, não precisa ser assim.
-Desculpe.
-Está bem ok? Eu ja te desculpei.
-Mas eu ainda não me desculpei.
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Pétalas

Quando era criança,sempre sonhei em um dia conhecer alguém com quem pudesse confiar,me deitar em seu colo e olhar para o céu a noite, com meus cabelos bagunçados. Agora veja, está acontecendo, não sei como reagir. Faço toda aquela pose, mas basta olhar para seus olhos, e então começo meu turbilhão de pensamentos, perco o sentido da fala e minhas pernas tremem.
Vejo as folhas caindo da macieira que um dia me amou, mas ela não me deu seus frutos nem suas flores. Simplesmente secou, murchou e esvaiu-se em dor e sofrimento. Queria eu provar uma ultima vez, a proteção da sua sombra, já não me é permitido tal, estou vendado, pelas pétalas de um jardim de tulipas, tão amarelas quanto as de uma singela gerbera de verão.
Já não respiro tão bem, muito menos consigo enxergar. Meu corpo danificado me impede, mas ainda tenho uma mente sã e um coração batendo, e muito forte. Vontade de dizer, gritar bem alto tudo que sinto, mas falta-me a coragem, e mesmo que a tivesse, o medo me dominaria, e então, eu não saberia o que dizer depois.
Me faltou a maturidade para admitir os erros, e mais ainda para arcar com as conseqüências daquilo que digo, penso e faço.
Um vicio que não quero botar fim. Pétala, que continue ai, curando-me de minha insanidade, aliviando minha dor, e me fazendo crescer.
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